O mar foi e será fonte de inspiração.
As mais diversas manifestações artísticas abordaram conceptualmente as suas nuances, debruçando-se sobre a paisagem, o trabalho ou o lazer.
Os pintores românticos conferiram ao “mar de paisagem” um tratamento tempestuoso e turbulento que, em finais do século XIX, o naturalismo pictórico apaziguou e tornou encantador e bucólico; nas pinturas a interpretação do mar – mais desvanecido em termos cromáticos – permitiu, paulatinamente, a introdução das paisagens humanizadas.
Os barcos, os aprestos, os rostos ou a azáfama das comunidades piscatórias começaram a figurar nos trabalhos de pintores e escultores naturalistas portugueses que procuravam realçar o “mar de trabalho”, procurando a harmonia entre Homem e Natureza, em cenários que procuravam o equilíbrio das belezas naturais e a simplicidade da vida.
À medida que as paisagens marítimas vão deixando de ser ocupadas por motivos de subsistência e vão sendo procuradas para fins terapêuticos ou de puro lazer, também o “mar de veraneio” começa a servir de inspiração a pintores que ajudam a perpetuar algumas zonas balneares, de excelência, em belíssimos bilhetes-postais.
Se as representações bucólicas e tradicionais, apanágio do tardo-naturalismo e enraizadas nos costumes vigentes, se caracterizavam por uma paleta mais clara e suave, já os cromatismos vibrantes e o pensamento disruptivo trazidos pelo modernismo nas primeiras décadas do século XX imprimiriam energia, vivacidade e indiscutivelmente um toque de arrojo e mudança às representações do mar.
Redescobrir o mar através da coleção Museu Marítimo de Ílhavo, e de outras particulares, permitirá entender as várias inspirações que os artistas plásticos portugueses procuraram ao longo da primeira metade do século XX.