O projeto de ampliação e remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), da autoria do gabinete de arquitetura ARX, Lda., dos irmãos Nuno e José Mateus, foi um forte elemento impulsionador da renovação do Museu Marítimo de Ílhavo e da sua redefinição programática.
Distinguido com o prémio AICA/MC 2002 da Associação Internacional dos Críticos de Arte do Ministério da Cultura e nomeado para o prémio SECIL 2002 e para o prémio da União Europeia para a Arquitetura Contemporânea 2003/Mies Van Der Rohe, o projeto da ARX Portugal, contemplou uma profunda remodelação da estrutura existente, numa obra total, que dignifica a importância social, económica e cultural dos patrimónios e atividades marítimas e lagunares na região.A remodelação e ampliação do MMI, em outubro de 2001, apelou a uma ampla revisão do seu discurso expositivo.
Passando a residir num templo moderno de arte pública, o MMI colheu na arquitetura um vigoroso impulso à audácia do seu projeto expositivo. Se importa reconhecer que o diálogo entre a arquitetura e o discurso das exposições permanentes – compostas, em boa parte, por artefactos que pedem técnicas de exposição menos convencionais e mais dinâmicas – nunca esteve isento de imperfeições, não custa admitir que a amplitude dos espaços, a geometria e os raios de luz que invadem as salas e corredores deram ao nosso Museu um traço de apreciável modernidade e de vincado experimentalismo.
O conjunto de condicionantes de projeto vocacionou o discurso arquitetónico a desenvolver-se através de uma justaposição de volumes com uma relativa autonomia entre si. O reaproveitamento parcial do existente e sua correção construtiva e funcional, aproveitando pouco mais do que a estrutura, constituiu um primeiro elemento de projeto. A este adossou-se um corpo estreito ao longo de todo o existente, articulando novo e velho, que acomodou não apenas as acessibilidades como também todas as infraestruturas técnicas do edifício.
Neste corpo ancoraram-se os novos volumes: a grande Sala da Ria, com o seu enorme pé direito; a “torre” negra central, das exposições temporárias, enigmática, flutuante na água; o corpo administrativo, a biblioteca e a cafetaria.
A água visível a partir de todos os corpos, passa a ser o elemento de ligação da experiência do Museu. Sendo na realidade o suporte da sua temática marítima e também um potencial campo expositivo.
Com a remodelação de 2013, da autoria do mesmo gabinete de arquitetura, o MMI foi também distinguido com o prémio CONSTRUIR, instituído pelo jornal com o mesmo nome, que teve nesse ano a sua sexta edição. Foi premiado como o melhor Projecto Público na categoria de Arquitetura.
Imaginado em diálogo com o anterior projeto, a nova intervenção dotou o Museu de um Aquário de bacalhaus e de um novo espaço de reservas de coleções. Tratou-se de um projeto ousado e de um investimento estratégico do Município de Ílhavo que tem recebido o reconhecimento do público.