Em 2017, o artista mexicano Héctor Zamora inaugurava no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia a exposição “Ordem e Progresso” - uma nova versão de uma performance-instalação que realizou, em 2012, no Paseo de los Héroes Navales, em Lima, e, em 2016, no Palais de Tokyo, em Paris. Para a apresentação no MAAT, foram selecionados sete barcos de diferentes zonas piscatórias, como Sesimbra, Ericeira, Nazaré, Aveiro e Figueira da Foz. Verdadeiros exemplares da pesca artesanal portuguesa, construídos entre o final da década de 1960 e o início da de 2000, estas embarcações foram recolhidas tendo em conta o seu avançado estado de degradação.
Das sete embarcações destruídas no contexto da exposição no MAAT, apenas uma foi salvaguardada como objeto artístico – uma aiola, embarcação tradicional de pesca costeira de Sesimbra. A peça, “Senhora do Cabo”, foi doada ao Museu Marítimo de Ílhavo em 2019 pelo artista, como reconhecimento do trabalho de valorização da cultura marítima no geral e do património marítimo-fluvial português no particular.
A exibição da peça “Senhora do Cabo” no Museu Marítimo de Ílhavo é uma evocação daquilo que Héctor Zamora idealizou na conceção de “Ordem e Progresso” - potenciar a reflexão sobre o fim acentuado da pesca artesanal e de subsistência, em contraponto com o progresso da industrialização do sector das pescas.
Héctor Zamora (Cidade do México, 1974) vive e trabalha na Cidade do México. Através de determinadas ações e muitas vezes repetitivas, o artista provoca situações surpreendentes e inesperadas. Funcionando como um convite à reflexão, a sua obra costuma envolver uma participação ativa do espectador que se torna possível através da interação com as suas intervenções. Entre seus projetos mais recentes, interveio no espaço público com “Sem Título/Travessura” (2022) para a 13ª Bienal do Mercosul no Brasil, e depois fez “Strangler” (2021) para a 3ª Trienal Bruges: a monumental estrutura de andaimes envolve completamente um grande pinheiro austríaco, como fariam as árvores Strangler que crescem em florestas tropicais. “Lattice Detour” (2020), uma parede curva feita de tijolos de terracota, foi encomendada como uma instalação específica para a cobertura do Met Museum. A parede modifica a visão do horizonte da cidade de Nova York e dita um novo tipo de deambulação do local. O seu trabalho pertence às coleções de instituições importantes no contexto artístico internacional, como o Metropolitan Museum of Art, em Nova York; o Hirshhorn Museum, em Washington; o Frac des Pays de La Loire, em França; e a coleção Jumex, no México.
Exposição integrada no programa Tanto Mar! de março'23
25 março 2023 | sábado | 17:00
gratuito