"Ninguém sabe quantos portugueses morreram na Pesca do Bacalhau durante o Estado Novo. Sepultados no mar ou em terras longínquas, como a Terra Nova ou a Gronelândia, esses homens foram deixados para trás, esquecidos pelo país que glorificava, durante a Ditadura, o papel deles no Regresso de Portugal ao Mar". O documentário "A um mar de distância", realizado por Pedro Magano e escrito por Abel Coentrão, conta as histórias destes homens, retira-as do anonimato, resgatando-os de volta a casa, "numa espécie de de trasladação da memória". "A um mar de distância" estreia a 4 de novembro, às 22h00, no auditório do Museu Marítimo de Ílhavo, com a presença do realizador ilhavense.
Estreia a 4 de novembro, às 22h00, com presença do realizador
Nova exibição a 5 de novembro, às 22h00
Entrada gratuita e limitada a 180 lugares (cada sessão)
Bilhetes disponíveis no Museu Marítimo de Ílhavo e Navio-Museu Santo André (máximo 4 bilhetes por pessoa)
SINOPSE
O que valem a fotografia e o cinema para a memória de um povo? No Verão de 1966, um jovem português fotografou, na Gronelândia, a sepultura do pai, pescador de bacalhau que tinha morrido num acidente de trabalho. No mesmo ano, um realizador canadiano filmava “The White Ship”, um documentário que nos mostra o funeral de outro português, vítima de uma tempestade a bordo do navio, e que ficou sepultado em Saint John’s, no Canadá.
Durante a ditadura do Estado Novo, os pescadores portugueses saiam como heróis do Rio Tejo, muitos deles em veleiros, rumo aos bancos da Terra Nova e às águas geladas da Gronelândia. E na década de 60, com o país envolvido numa guerra colonial, a pesca do bacalhau era uma alternativa, legalmente instituída, ao cumprimento do serviço militar obrigatório, que implicava, naqueles anos, a mobilização para um cenário de combate.
Mas, como na guerra, alguns desses homens não voltaram. Foram sepultados no mar, ou nessas terras longínquas, e acabaram esquecidos. O mesmo Estado que classificava os que melhor pescavam como Special, ou Especial, e os usou, a todos, para reencenar esse Portugal que outrora dominava os mares, nunca se preocupou em trazê-los de volta às suas famílias.
De muitos destes pouco ou nada sabemos. Mas no caso de Dionísio Esteves e José Francisco Marques, um filme e uma fotografia fixaram para sempre uma memória do seu local de sepultura. Estas imagens salvam-nos do esquecimento e operam, nas suas famílias, uma espécie de trasladação: não de corpos, mas de memórias. Elas tornam possível este outro documentário que será uma viagem no tempo, mas também ele próprio uma homenagem, retratando a perda, o luto à distância, e o reencontro tornado possível pela recuperação destas histórias.
Data de lançamento
2016
Género
Documentário
Realizado por
Pedro Magano
Argumento por
Abel Coentrão e Pedro Magano
Produzido por
Pixbee
Com o apoio de
RTP - Rádio Televisão Portuguesa | Câmara Municipal de Vila do Conde | Câmara Municipal de ílhavo | Câmara Municipal de Caminha | Mútua de Pescadores | Academia do Bacalhau de Massachusetts | Associação Bind' Ó Peixe
Com o apoio à pesquisa de
Museu Marítimo de Ílhavo e Associação Bind' Ó Peixe
Enredo
Realizado por Pedro Magano, o filme tem como fio condutor a investigação do jornalista Abel Coentrão sobre portugueses que morreram na pesca do bacalhau, cujas sepulturas ficaram esquecidas em terras longínquas. Uma viagem no tempo, uma homenagem, retratando a perda, o luto à distância e o reencontro, tornado possível pela recuperação destas histórias.