A segunda sessão das Tertúlias "Memórias Viajantes", centra-se nas diferentes reflexões sobre ex-votos em honra do Senhor Jesus dos Navegantes, e a importância que esta tradição mantém no seio da comunidade Ilhavense.
Historicamente, Ílhavo tomou a dianteira da pesca longínqua portuguesa durante o século XX devido à convergência de três fatores: estaleiros de construção naval, armadores com iniciativa e homens do mar com experiência e conhecimento técnico.
Devido ao papel singular de Ílhavo com o mar, as elites do Estado Novo "apropriaram-se" de certos símbolos das devoções marítimas locais usando-as na propaganda nacional com o intento de promover a imagem idealizada do pescador-marinheiro. Um desses símbolos, presente nas bênçãos dos bacalhoeiros, é o andor do "Senhor Jesus dos Navegantes".
As tradições religiosas dos homens do mar são marcadas por atos de profunda devoção, sendo o pagamento de promessas uma das manifestações mais visíveis. O ex-voto "Navegante", em exposição no Centro de Religiosidade Marítima, talhado por José Domingues Pena, natural de Ílhavo, é exemplo da fé destes homens. Até dos homens que não eram "do mar" esta devoção inspirou a composição de partituras musicais concebidas especificamente para as celebrações do "Senhor Jesus dos Navegantes".
Em conversa nesta tertúlia estarão presentes Emílio São Marcos, antigo juiz da comissão de festas do Senhor Jesus dos Navegantes, Hugo Calão, investigador de património religioso, Nélia Cruz e Teresa Malafaia, em representação do projeto "Memórias Viajantes".
As tertúlias "Memórias Viajantes" resultam de um projeto de investigação em parceria com o Centro de Estudos Anglísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
21h30
Gratuito